De 2022 a 2032, a Unesco lançou um plano de ação global para a realização da década das línguas indígenas e as ações, no Brasil, no âmbito desse imenso programa, se iniciaram nesta semana. Esta iniciativa, no entanto, depende do engajamento dos povos indígenas e na atualidade, eles já compreendem bem as relações de saber e poder em que suas línguas e cosmologias estão envolvidas. No PPGL, o projeto Retratos do Contemporâneo: as línguas indígenas no estado do Pará, coordenado pela professora Ivânia Neves, com suas duas primeiras produções, o documentário “Entre rios e palavras: as línguas indígenas no Pará em 2021” (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=5TP25OXroAc&t=8s) e o "Mapa Interativo das Línguas Indígenas no estado do Pará" (https://gedaiamazonia.com.br/linguas-indigenas-no-para/), a partir de um metodologia interessada nos usos sociais das línguas indígenas, procurou mostrar não apenas a localização das 34 línguas faladas no estado do Pará, mas também, a consciência política dos indígenas em relação aos processos de apagamento de suas línguas.

Com ampla repercussão nacional, o documentário e o mapa vêm contribuindo para que se tornem conhecidas as histórias de violências a que foram submetidas as línguas indígenas em nosso país. Eles ajudam a visibilizar a realidade de sujeitas e sujeitos que, no contemporâneo, fazem uso social dessas línguas. Precisamos desconstruir o enunciado “perderam suas línguas”, com se elas fossem um objeto que pode ser perdido, ou ainda. As línguas também não são apenas estruturas linguísticas e precisam ser compreendidas como uma das principais traduções das cosmologias indígenas.

Além da divulgação realizada em portais de várias universidades, esse projeto já foi matéria na  TV Cultura de São Paulo, do SBT Pará, do Canal Curta, do Portal G1 de diversas regiões, entre outros.

 

Kayawa Mawayana é uma sujeita e suas palavras não são apenas estruturas linguísticas, atualmente mora Terra Indígena Trombeta-Mapuera, ao norte do estado do Pará. Ela está inserida em uma trama histórica e sua família não deseja que os saberes de sua língua, de sua cultura se encerrem nela.